Nível de Maturidade do Ecossistema de Imbituba

Saiba mais sobre como as iniciativas presentes no Ecossistema de Inovação de Imbituba se conectam.

Por Larissa Rosa em 06/10/2023 as 15:17

A eficácia dos ecossistemas pode variar bastante, dependendo de fatores como a cultura empreendedora local, o nível de desenvolvimento tecnológico, a disponibilidade de recursos financeiros e humanos, entre outros. Nesse contexto, avaliar a maturidade desses ecossistemas pode ser uma forma de identificar pontos fortes e fracos e orientar políticas públicas e estratégias a serem desenvolvidas


Este artigo apresentará uma análise da maturidade do Ecossistema de Inovação de Imbituba, com base em indicadores e informações coletadas no decorrer do mapeamento do Ecossistema de Inovação, compartilhado em post anterior (clique aqui). Dados como o número de startups, o grau de colaboração entre a comunidade entrevistada anteriormente, a disponibilidade de recursos financeiros e a regulamentação governamental são essenciais para esta análise. O objetivo é fornecer insights que possam contribuir para o desenvolvimento de um ecossistema de inovação mais efetivo e competitivo


Definição de Critérios

Para avaliar a maturidade de um ecossistema de inovação, é necessário estabelecer critérios claros e objetivos que permitam medir seu desempenho em diferentes aspectos. A definição precisa dos critérios de avaliação é fundamental para garantir a consistência e a comparabilidade dos resultados, permitindo que sejam feitas análises mais precisas e confiáveis sobre o desempenho dos ecossistemas de inovação.


Com o objetivo de extrair uma visão 360º e definir a maturidade do Ecossistema de Inovação de Imbituba, a metodologia utilizada para análise, baseada na Metodologia de Maturidade de Ecossistemas da Creators, compilou informações em 5 pilares:


  1. Investimento;
  2. Pessoas;
  3. Governo;
  4. Know-how;
  5. Network.


Esses pilares são responsáveis pelo posicionamento do ecossistema em níveis de maturidade de 1 a 5, sendo 1 o nível mais iniciante e 5 o mais avançado e expert, conforme exemplificado abaixo:


  1. Nível 1 | Iniciante: este nível é considerado o mais iniciante de um ecossistema. Caracterizado por algumas iniciativas independentes de empreendedorismo e início de conversas sobre inovação. Aqui ainda não existe nenhum tipo de planejamento consolidado e robusto e os atores ainda não são integrados por um mesmo propósito; 
  2. Nível 2 | Construtor: chamado de construtor por seu foco em um processo de construção de planos e colaboração de atores. As iniciativas já existem e são integradas com um objetivo, consolidam-se os primeiros programas de apoio ao empreendedorismo e começam a surgir as primeiras oportunidades de investimento;
  3. Nível 3 | Validador: este nível é marcado pela consolidação das primeiras startups. Nesse estágio, os empreendedores já têm diversos mecanismos a sua disposição, como programas de mentoria, aceleração e leis de incentivo e inovação. Além disso, começam a surgir os primeiros frutos da colaboração entre os atores, como centros de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e laboratórios; 
  4. Nível 4 | Conector: chamado de conector por ser marcado pelos resultados advindos das conexões entre atores. Aqui as universidades já ocupam um papel de liderança no ecossistema, desenvolvendo programas em parceria com empresas. Existe a "cultura de startups" e o governo já disponibiliza um ambiente desburocratizado e de fomento a novas tecnologias;
  5. Nível 5 | Expert: é o nível mais maduro de um ecossistema. Aqui o acesso aos mais variados tipos de investimento acontece naturalmente. Os empreendedores já são experientes e mentores do ecossistema. Os programas de fomento à inovação são verticalizados para atender eixos específicos (edtech, construtech, fintech e mais). Nesse nível de maturidade percebe-se uma transparência no ecossistema, todos os atores compartilham melhores práticas e colaboram com o desenvolvimento co-criado. 


Análise da Maturidade do Ecossistema de Inovação de Imbituba


Para definir a maturidade do ecossistema de inovação de Imbituba, foram cruzados os dados levantados previamente no mapeamento com as informações obtidas através das entrevistas com lideranças locais, a fim de posicionar o município em um dos 5 níveis apresentados acima. Os dados cruzados geraram informações organizadas nos 5 pilares citados anteriormente, conforme figura abaixo. 



  1. Investimento: Dentro deste pilar foram identificadas algumas fontes de investimento, porém dispersas entre grandes empresas que já fomentam, internamente, a inovação. Não foram encontradas fontes diretas de investimento, nem relação com fundos ou VC (Venture Capital).
  2. Pessoas: Este pilar é responsável por identificar o capital humano pertencente ao ecossistema, combinado com a mentalidade correta. Foram identificadas algumas frentes de mobilização que demonstram um sentimento associativista, como a ACIM, o programa DEL e o Núcleo Jovem da ACIM, que desenvolvem algumas capacitações e eventos em prol do empreendedorismo e inovação. 
  3. Governo: Apesar de mapeadas algumas iniciativas como a Sala do Empreendedor, Avança Imbituba e outros Programas vinculados ao Sebrae (Cidade Empreendedora, Habitat 4.0), não foi identificada uma linha de planejamento e comunicação integrada entre essas ações e que pudessem representar um plano de inovação para o ecossistema. 
  4. Know-How: Esse é um dos pilares mais deficitários do ecossistema. Maioria das informações levantadas mostram que as pessoas buscam por conhecimento fora do município. Além disso, quando saem a procura deste conhecimento, dificilmente retornam. Existem algumas iniciativas de fomento à capacitação através do Sebrae, ACIM e instituições de ensino à distância, porém sem nenhum ambiente físico que represente essa troca de melhores práticas. 
  5. Network: Apesar de ainda dispersas, algumas iniciativas chamam a atenção dentro deste pilar para que ele seja nível 2. Foram mapeadas ações vindas da ACIM e de associações de moradores, que buscam algum tipo de troca de experiência. Foi identificado também um princípio de ambiente de inovação (co-working) que fortalece esse pilar e a busca por networking da população. 


Dadas as devidas análises, o Ecossistema de Inovação de Imbituba caracteriza-se como Nível 1: Iniciante na escala de maturidade. Apesar de existirem iniciativas e um princípio de articulação de atores, é necessária a integração dessas ações e um fomento direto ligado a esse propósito



Foram identificadas diversas potencialidades a serem aproveitadas no município de Imbituba. Destaca-se a importância de uma governança representativa do Ecossistema da cidade, como um grupo engajado e interessado em desenvolver atividades para fortalecer o Ecossistema, ativando, amadurecendo e colhendo os resultados de um ecossistema de inovação. Este processo, embora simples, não é fácil, muitas políticas e mecanismos de apoio têm que ser colocados em prática (especialmente no início) para garantir que os empreendedores locais tenham oportunidades suficientes para atingir seu pleno potencial. Além disso, é fundamental que o ecossistema esteja preocupado em desenvolver lideranças. Esses líderes são voluntários e movidos por meio dos benefícios da cultura de um ecossistema de inovação, como co-criação, compartilhamento de ideias, colaboração, ideação, entre outros